Semana Tim Maia

Para muito mais que "Descobridor dos 7 Mares, "Me Dê Motivo", "Vale Tudo" e outros mega hits do rei - da soul music brasileira - Tim tem uma obra memorável, farta e indispensável na história da música popular brasileira. Distante do grande público, o melhor da obra do "síndico" é de uma qualidade inquestionável, principalmente os discos da década de 70 do velho Tim, incluindo aí sua fase mística, a do Racional Superior. Ouvindo estes discos percebe-se o porquê de Tim ser o rei da soul music brasileira, o nosso Marvin Gaye. O suingue, a batida, a cadência. Black music pura, som de negão mesmo, a la Motown. Toda essa influência foi adquirida por Tim durante o período em que passou nos Estados Unidos da América, de 1959 a 1964, quando voltou deportado por, dentre outras prisões, ter roubado um posto de gasolina.

De volta ao Brasil, em 1966, Tim enfrentou a mais dura de suas prisões: 10 meses na Lemos de Brito, no Rio. Estava na Praça Afonso Pena, na Tijuca, quando juntamente com o amigo "Peroba" viu quatro cadeiras e uma mesa de vime. Furtaram duas cadeiras e a mesa. Não satisfeito, voltou para "completar o serviço" e furtar as outras duas cadeiras que "faltavam". Foi grampeado pelos "homi". Daí, surgiu mais uma de suas célebres frases: "Enquanto Tim Maia "cumpria uma etapa" de 10 meses na Lemos de Brito, Roberto Carlos comprava seu oitavo carrão"

Os encontros - e desencontros - de Tim com o rei Roberto foram muitos. Desde a formação dos Sputinks até o dia em que se apresentaram na TV Tupi, num programa de variedades chamado "Clube do Rock". Depois da apresentação, Roberto, que também fazia parte dos Sputniks, cconversou com Carlos Imperial e imediatamente foi escalado para as próximas gravações do programa. Tim achou aquilo uma traição. Xingou Roberto de todos os nomes possíveis, criados e os imagináveis, nos longínquos anos 60: "Seu filho-da-puta! Eu boto você no meu conjunto e você vai cantar sozinho, porra!" Acabava ali sua segunda banda. A primeira, os The Ideals, nasceu e morreu em solo americano.

Chamado de o "doidão", Tim nunca se enquadrou na mais sutil convenção social, ou mesmo contratual, coisa da qual sua carreira dependia totalmente. No ano de 95, Tim foi convidado a fazer um show em Recife pelo Verão Vivo da Band. Fez o show e um mês depois fez um show promovido pelo Brahma, no Riocentro. O final de semana com Tim Maia foi o de maior sucesso e no camarim, eufórico, Tim anunciou que a cervejaria o contrataria para sessenta shows pelo Brasil. No meio do show, sofreu um ataque de sinceridade e soltou:

"Eu to aqui fazendo esse show pra Brahma, mas eu gosto mesmo é de um guaraná Antarctica"

Os sessenta shows foram transferidos para Roberto Carlos (mais um entrevero entre os dois).

Aqui, com a (ótima) canção "Lábios de Mel", de Edinho Trindade e arranjos de Lincoln Olivetti. "Lábios de Mel" faz parte do disco Reencontro, de 1979. Curta 'ae'.

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