Me, myself and my books.

"Para facilitar a locomoção da banda na rota Nikit-Seroma, Tim comprou um velho fusquinha vermelho do vocalista Antônio Claudio. O carro estava aos pedaços e enguiçava com regularidade, geralmente na ponte Rio-Niterói ou no tunel Rebouças. Chamado por Tim de Perereca, o fusquinha viveu uma trepidante carreira e protagonizou muitas aventuras.

Como não tinha nenhuma documentação, perdida por Antonio Claudio, a viatura era totalmente ilegal e, pela aparência bagaceira e a pinta dos passageiros, despertava logo suspeitas de guardas de trânsito. Convocado a buscar uma lasanha em Copacabana, Zé Maurício perguntou a Tim o que devia fazer se fosse parado pelos homens.

"Muito simples", Tim o tranquilizou e gritou: "Pi, pega uma capa de disco aí."

Entregou a capa a Zé Maurício e deu as instruções:

"Tu bota a capa do disco no vidro traseiro do carro. Na contracapa está a foto de vocês, eles vão saber que vocês são da banda. Pode confiar, mermão, esses guardinhas são todos meus fãs."

"Isso não vai funcionar, Tim", o músico estava temeroso.

"Claro que vai, mermão, sempre funciona. E vamos logo que minha barriga está roncando de fome."

Não deu outra. O fusca todo amassado e com peneus carecas, tripulado por três cabeleiras black power, foi parado a poucas quadras da Lasanha Verde, em Copacabana, onde ia buscar três lasanhas, uma pra Tim e duas para o resto da banda:

"Documentos."

Zé Maurício apresentou a carteira de motorista, o guarda aprovou e pediu os papéis do veículo:

"Ih, seu guarda, a gente não tem docuemnto não. Nós somos músicos do Tim Maia e viemos comprar uma lasanha pra ele."

"Tim Maia? Vocês?", a autoridade estava incrédula.

"É, nós somos músicos, estamos ensaiando com ele", explicou Zé Maurício e o guarda fechou a cara.

Foi quando Pi pediu a Carlinhos que pegasse a capa do disco e mostrou a contracapa ao guarda. Ele olhou a foto, depois os suspeitos, voltou à foto e aliviou:

"É, parece que vocês são mesmo. E essa capa é pra quê?"

"Essa capa é pro senhor", ofereceu Pi, "depois o senhor passa lá no estudio para pegar o disco"

O homem da lei sorriu:

"Ótimo, eu sou fã de Tim Maia. Eu vou passar lá mesmo. Vou liberar vocês, mas não deem mais mole, porque outros colegas podem não ter a minha compreensão e isso pode criar problemas para o Tim. Do jeito que o carro está vai ser rebocado. Falem pra ele passar no Detran para resolver isso."

Na Seroma, além da lasanha, Tim saboreou a vitória de seu prestígio e popularidade:

"Não falei que funcionava? Pode confiar no Tim Maia do Brasil, mermão!"

O Perereca acabou pegando fogo, com Tim ao volante, ao ser forçado a subir a ladeira do Sacopã carregado de instrumentos. Sem nunca ter seu óleo trocado ou jamis ter passado por uma lubrificação, o castigado motor fundiu, e uma faísca incendiou o heróico fusca"

Isso em 1976.
Trecho de "Vale Tudo", biografia de Tim Maia, por Nelson Motta

Um comentário:

  1. ATENÇÃO A PRODUÇÃO DO ITABUNA CITY. NÓS LEITORES ASSIDUOS DESTE PORTAL DE NÓTICIAS EXIGIMOS A COBERTURA COMPLETA DO NIVER DE DANIEL COELHO PARA NOS ATUALIZAR MOS DOS ACONTECIMENTOS AI NA CIDADE CAPITAL DO CACAU. PRISCAS ERAS COM OCULOS, SEM OCÚLOS, COM BONOCULOS, SEM BINÓCULOS.

    ASS: LEITORES DO OUTRO LADO DO BRASIL E DO MUNDO

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