Me, myself and my books.

"Tim começou vida nova comprando um carro novo (era o ano de 1976). Estava voltando para casa, com uma Brasília vermelha cheirando a tinta, com apenas uma licença provisória no para-brisa, quando foi parado por dois policiais na Figueiredo Magalhães. Eram velhos conhecidos de outras infrações e dos correspondentes levados.

A documentação era legal, mas como Tim não tinha carteira de habilitação e sempre estava com a vistoria atrasada ou outra ilegalifdade qualquer, acabava funcionando como uma espécie de caixa automático para os PMs. Só que desta vez ele estava com uma trouxa de maconha escondida na cueca, e, pior, sem nenhum dinheiro para o levadinho dos homens as coisas poderiam se complicar. Parado no meio da rua, no trânsito das cinco da tarde em Copacabana, tirou a chave da ignição e deu para o guarda:

"Então fica com o carro pra você mermão."

E saiu batido para casa, com medo de um fragoroso. Às sete da noite deu na televisão que a polícia estava atrás de Tim Maia, mas desta vez só para entregar os documentos que ele tinha esquecido no carro. Recebeu as chaves e os policais com muita simpatia, e, na falta de um levadinho, deu a cada um uma capa de disco autografada, naturalmente vazia, e eles partiram satisfeitos.

Suas relações com os homens da lei continuavam intensas. Depois de uma gravação, estava voltando para casa com dois músicos, todos sem dinheiro e loucos para tomar uma cerveja, quando viu a mesma dupla de policiais na Figueiredo Magalhães. Parou o carro, saltou e dirigiu-se a eles, simpático e sorridente. Em alguns minutos de papo, tinha convencido a dupla a lhe emprestar dez cruzeiros. Foi a primeira vez na história que um guarda de trânsito pagou uma cervejinha a um infrator contumaz"


As peripécias de Tim Maia, narradas por Nelson Motta, na biografia de Tim , Vale Tudo.

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