Uma é pouco. Duas, demais!

Enquanto muitos que caíram na discussão sobre a paralisação da PM somente agora, apresentam opiniões totalmente desnorteadas de todo o processo que culminou com a parada dos policiais em 31 de janeiro, a história da presente "greve" dos militares remete ao carnaval de 2009.

Naquele ano já se anunciava uma possível paralisação, uma vez que os militares já cobravam o cumprimento de uma lei de 1997, a chamada lei da GAP (Lei 7.145/97), Gratificação de Atividade Policial, que prevê escalonamentos com intervalos mínimos de 12 meses (arts. 7º e 8º), entre uma concessão e outra, indo da GAP I a GAP V.

Pois bem. Anunciada uma possível greve, que por intercessão do coronel Nilton Régis Mascarenhas, então comandante da Polícia Militar da Bahia, não ocorreu, deu-se início ao que ficou conhecido pelo movimento "Polícia Legal", que exigia cursos para pilotagem de motocicletas e a troca dos coletes vencidos. Enquanto não atendidas essas exigências, os pms deram início ao que se conhece por "operação padrão" ou "operação tartaruga".

A APPM (Associação dos Praças da PM) e a Associação dos Sargentos e Subtenentes, que lideravam o movimento à época, disseram que voltariam à normalidade do trabalho policial, pois acreditavam em seu comandante, coronel Mascarenhas, que se comprometeu a negociar o escalonamento da GAP, motivo da reivindicação dos policiais.

E como diria Léo Jaime, "nada mudou". A GAP continua na mesma, paradinha do mesmo jeito. E as condições de trabalho da PM de mal a pior. Os líderes do movimento saíram desmoralizados, frente aos seus associados, pois empenharam o compromisso dos policiais confiantes na palavra do coronel, que não a honrou. Daí, que agora surge a ASPRA, uma vez que aqueles duas associações saíram desgastadas do movimento de 2009.

Assim, não é crível se criticar o posicionamento firme dos policiais. Se é pra se criticar algo, que seja a falta de palavra e de compromisso do governo, até porque, policial militar quando paralisa suas atividades é porque a coisa chegou no nível do absurdo, primeiro, pela proibição constitucional de greve (CF, art. 142, §3º, IV), e segundo, pela rígida disciplina a que estão submetidos.

Assim, a única conclusão a que chegamos é que um governo que não tem compromisso com seus policiais, não pode gozar de positividade da opinião pública, uma vez que trata a segurança pública sem verdade e sem seriedade.

Os policiais já foram enganados uma vez, quando a GAP foi "trocada" por coletes. Vão ser enganados de novo?

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