Carta de apoio ao líder do movimento grevista em Ilhéus, Augusto júnior



A turma do sétimo semestre noturno do curso de Direito da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) enviou carta de apoio ao policial militar Augusto Júnior, líder do movimento grevista da PM em Ilhéus.

Augusto é integrante da turma e teve expedido contra ele um mandado de prisão preventiva. Fontes informam que o policial irá se apresentar em Salvador, nesta segunda-feira. Confira a íntegra da carta.

"Reconhecemos que ainda engatinhamos no universo jurídico, mas há algo que é intrínseco ao ser humano: o combate às injustiças. Muito mais do que a busca pela justiça, combater a impiedade não é somente exigir aquilo que nos é de direito. É sentir intravenosamente a vontade de lutar, é ser chamado pelo seu próprio instinto a defender-se ou defender os seus. Talvez por isso a forma como os policiais grevistas estão sendo tratados nos revolta tanto.

Convivemos com Augusto Júnior – hoje conhecido por ser o líder do movimento grevista da nossa região -, e não podemos admitir ou cogitar que um ser humano tão nobre e generoso tenha sua prisão preventiva decretada. Mais do que isso. Levar ao cárcere alguém que apenas luta por direitos que são legitimamente seus, como se a repressão da década de 60 ainda fosse concebível, como se os ideais nazi-fascistas ainda pudessem ser cogitados.

É no mínimo irônico assistir as pessoas que hoje ocupam os altos cargos eletivos estaduais, pessoas estas que sempre se disseram tão perseguidas e censuradas, perseguirem e censurarem movimentos sociais, e pior, utilizando-se dos mesmos artifícios mesquinhos e desumanos.


Convivemos com Augusto Junior desde o primeiro semestre do nosso curso. Desafiamos qualquer um que seja, colega de sala, de curso ou de universidade, professor, funcionário ou visitante que já o tenha visto destratar ou tenha sido destratado por Augusto. Junior é uma figura querida, conhecido justamente por sua cortesia, solidariedade e generosidade.

Estudamos os livros de Direito por alguns semestres e até hoje é difícil definir o que é o justo. Mas, disso temos certeza, sabemos dizer o que não é justo. Prender um cidadão de bem, pai de família, professor, estudante, trabalhador, garanto, não o é. É a mais vil das injustiças, pois não estão querendo aprisionar somente o homem, estão querendo sufocar os sonhos de uma sociedade inteira que há muito torce por uma polícia mais forte, com remuneração digna e que possa cumprir o seu papel de maneira eficiente.

Augusto, queremos dizer que estamos contigo nesta luta. Você, amigo, foi o grande instrumento escolhido para expôr estas mazelas, e tenha certeza que o eco que propaga jamais será em vão. Fé, força, avante! Nossa turma espera que as turbulências fiquem para trás e queremos ter você o mais breve possível no nosso convívio novamente.

Por nós, o eterno Che: “Hay que endurecer-se, pero sin perder la ternura jamás.”

Atenciosamente

Turma de Direito Noturno da UESC 2009 – 2013".

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